sábado, 16 de abril de 2011

Esqueletos no armário

Sabe, quando a gente tem muito tempo livre, durante um período considerável, é impossível não começar a procurar o que fazer. Para uma hiperativa como eu fica imperativo a busca pela ocupação. E eu resolvi me ocupar de revirar o closet da minha alma. Estranho, não?
Sou organizada por natureza. E olha, meus armários estavam uma verdadeira bagunça. Tanta coisa desnecessária guardada. Tantas peças que já não servem mais. Atenção, não engordei não... Mas não me cabem mais certas tristezas, rancores e teimosias.
Comecei revirando gavetas, jogando para fora tristes lembranças de uma vida que já não me pertence mais. Pessoas que um dia foram queridas, mas em meio às desavenças da vida deixaram de ser. Hoje nem sei por onde andam, perdidas mundo afora. Será que não posso guardar apenas como me fizeram feliz por um tempo? Joguei fora a mágoa, a dor e devolvi para esta gaveta apenas os bons momentos.
No cabideiro insistia em ficar pendurada a humilhação de uma vida que há tempos também já não é mais a minha. Coloquei numa sacola que vai direto para o lixo, porque tal situação não merece ser compartilhada com mais ninguém.
Em meio ao que me dá conforto para caminhar, insistia em permanecer a sede de vingança. Como prova de que eu poderia acordar um dia e sair calçada com ela rumo a um ato que não retrata em nada o que eu quero ser. Portanto, retirei das prateleiras este desejo, porque Deus diz que Dele é a vingança. Não cabe a mim retribuir o mal que um dia me fizeram.
Sabe por quê? Quero crer que na maioria das vezes o mal que me atingiu foi praticado de maneira involuntária. Muitas vezes por alguém tão falho quanto eu. Nesta ciranda da vida, eu posso estar também entre as lembranças triste de alguém e vou ansiar por perdão. Olhei de volta meu armário, depois de um bom tempo de reflexão, e vi que está um pouco mais arrumadinho. Vou ter de revisitá-lo ainda outras tantas vezes. Porque assim é o mundo!


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