sexta-feira, 29 de abril de 2011

O sonho ainda existe

Olha, já falei que contos de fadas não existem, que nós mulheres fomos enganadas desde a infância. A maioria ainda está à espera do príncipe encantado. Mas depois do casamento de hoje (29), tenho que admitir que um principezinho, vestido de militar, numa parada em Londres me fez babar.
Tudo bem, eu ainda prefiro o Harry, porque o acho mais rebelde, dono de si. Tem uma cara de quem tem pegada. Mas o Willian, ou poderia chamá-lo de Bill, estava incrivelmente delicioso hoje. Eita que a Kate, ou melhor Catherine, vai se dar bem.
Fico pensando que no imaginário feminino a cena de um casamento real é um verdadeiro sonho. Bem por isso muita gente sem grandes contas bancárias ainda investe em uma noite de encanto no dia do sim. Por mais que a gente não admita com facilidade, a cena do enlace de hoje reflete exatamente o êxtase da maior parte das mulheres.
Feministas, não me joguem ovos, por favor. Porque eu sei que bem lá no íntimo de vocês também gostariam de ser o objeto do desejo daquele moço lindo. E a escolha de Willian por uma plebeia foi o auge total do conto de fadas. Ela foi notada, dentre tantas mortais, e será a companheira real do filho da Lady Diana. Menina, não sei se foi sorte, ou uma trama milimetricamente calculada, mas esta tal de Kate ganhou a minha admiração.
Só espero que o casamento dela seja realmente a coroação final da história. E também desejo que ela não precise dormir com o professor de equitação, o segurança ou qualquer outro plebeu, para ter contentamento. Porque a gente só houve o conto de fadas até a cerimônia de casamento. E foram felizes para sempre.

A própria centopeia

Sou indescritivelmente apaixonada por sapatos. Nas minhas mudanças sofro a cada vez que tenho que colocar meus pobres amigos íntimos em caixas gigantes que os deixam amassados, deformados, que heresia! Aí, chego ao meu destino e começo a arrumá-los. Mas não sei por que, as sapateiras sempre são insuficientes. Estou ensaiando para comprar mais uma, mas onde enfiá-la?
Já fiz a maluquice de comprar cinco pares de uma só vez. E na semana seguinte fui proibida pelo ortopedista de usar salto, por conta de uma lesão. Fiquei meses em tratamento, namorando meus sapatos, sonhando com o dia em que poderia desfilar com eles por aí.
Tenho piras de sonhar com o sapato e sair em busca dele. Sempre é muito difícil de encontrar o objeto do meu desejo como imaginado. No caminho da realização do sonho é claro que sempre encontro outro modelo que cativa minha paixão. Por que será que eu sempre consigo ter mais de uma paixão por sapato, e não faço o mesmo com os homens? Em meu coração sempre há espaço para mais um Peep Toe, ou Anabela, ou mesmo um Scarpin.
Os modelos com salto são ainda mais atraentes e de certa forma aristocráticos, chiques. Calço uma sandália ultra-alta e já me sinto mais autoconfiante. Parece uma mágica. O salto me faz sexy. Bom, assim o espelho me diz. Será que ele tá falando sério?
E já notei a diferença da atenção do sexo oposto entre uma sapatilha e um salto alto. Os homens também são atraídos pelos high heels. Será que tudo é uma questão de fetiche? Tenho um amigo que falava que o sonho erótico da vida dele era uma famosa jornalista, já nos seus quarenta e poucos, vestida apenas em uma sandália vaporosa de salto 15.
Mulheres, vamos continuar investindo em modelitos de saltos estratosféricos, porque os homens gostam. Claro, não mais que nós. Enfim, este mundo é estranho, cheio de gente esquisita dentro dele.

terça-feira, 26 de abril de 2011

A sanidade na loucura

Dizem que a linha entre a sanidade e a loucura é muito tênue. Vez ou outra a gente cruza esta linha e logo volta atrás, mas há aqueles que atravessam o limite e não voltam mais. Acho que a desconexão com a realidade é uma benção para quem se perde. Mas eu ainda prefiro cultivar apenas algumas neuroses de estimação em meio à realidade nua e crua.
Vai dizer que você nunca se viu em uma situação que parece coisa de doido. Olha, vou dividir algumas das minhas manias insanas, mas não vai sair por aí dizendo que eu sou doida.
Há pouco mais de dois anos o número do meu manequim aumentou. Inconformada, eu afirmava a mim mesma que eram as grifes que haviam cometido algum erro nos moldes. Já pensou, conspiração das grifes contra mim uma pobre mulher normal. Chegava às lojas e pedia o número antigo. Pura negação. Mas é claro que a calça não passava na minha bunda. Bom, resumindo a história, um ano e meio depois sem comprar um único jeans eu resolvi aceitar minha derrié maior e o número condizente.
Outra coisa que me dá arrepios é consumismo. Porque quando dá a gana, você compra aquilo que não precisa, com um dinheiro que não tem. Confesso que este descontrole me visita pouco. Mas aí desenvolvi outra mania a de imaginar o outfit e sair à caça, como se ele existisse. Ai, o Peep Toe preto de verniz, com sola pink, que sonho. Claro que a decepção bate a minha porta e em 100% das vezes tenho que me conformar com um primo distante da produção imaginada. Coisa de gente maluca, mas fazer o que?
Que tal a ideia de pintar as unhas cada semana de uma cor. Por muito tempo eu só usava do salão o esmalte novo. Era a realização das manicures. Compravam um amarelo ouro e adivinha quem era a doida que topava passar aquele negócio nas unhas? Roxo berinjela, azul anil, os tons de verde nunca fizeram parte da minha preferência, mas um ou outro eu já usei, laranja e todos os tons de rosa, principalmente os mais berrantes. Passava a semana admirando a nova cor e ansiosa para chegar o sábado para saber qual seria a próxima novidade.
Passei pela fase de usar o cabelo nos mais diferentes cortes. Tinha um que fez minha cabeça parecer uma pomba, sem rabo. Por outro período experimentei os mais diferentes tons de cores, principalmente os vermelhos, do laranja ao borgonha. Parecia que meu cabelo estava em brasas. Agora tô com pânico de cabeleireiro, não quero cortar. Meu cabelo protesta caindo às pencas, é claro. Tudo bem, prometo que vou perder o medo e tirar umas pontinhas.
Aí fico pensando: "Ah, mas são tão inofensivas as minhas manias". Mas vou parar de contar, porque ainda não acabei com a coleção... Socorro.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

A doce e difícil arte da escolha

Começo este ensaio com a frase: "Cada escolha uma renúncia". Confesso que às vezes a gente faz mais de uma renúncia a partir de uma escolha. Tem também aquela história de que escolher é perder. E aí me vem à mente a imagem de um carro, trafegando por uma estrada cheia de encruzilhadas. Para seguir em frente o motorista sempre vai virando à direita ou à esquerda do caminho, mas está sempre olhando o retrovisor e nunca a estrada adiante.
Tenho vivido assim, sempre olhando o retrovisor das minhas escolhas. Sabe quando você não consegue se desprender do que deixou para trás? Há pouco tempo me deparei com a inevitável certeza de que se eu escolhi o caminho da direita é porque o da esquerda já não me servia mais. Para que estar fazendo contas na minha cabeça de uma realidade que desprezei?
O problema é que a gente se esquece de que não há como viver o futuro do pretérito no presente. É dureza galera, mas é a verdade. O poderia, seria, estaria, não faz parte do que pode, é e está. Quando a gente entender que o presente é o único tempo verbal que importa, talvez a gente tenha mais paz de espírito.
Sou uma pisciana cheia de sonhos, vários deles me vem à mente quando estou de olhos bem abertos. Ideias de que eu poderia ser mais feliz se tivesse feito outras escolhas. Mas é imperativo entender que o possível e realizável está diante de mim. Sou dona da minha história e acredito que na maioria das vezes fiz as escolhas certas.
Mesmo que o resultado imediato do passo à frente seja dor e sofrimento, é importante entender que a busca da felicidade é o objetivo da escolha. Não tenho medo das mudanças e quero sempre ter coragem de continuar fazendo minhas escolhas, grandes e pequenas, doloridas ou prazerosas. Com a certeza de que meu livre arbítrio é uma conquista e eu posso usá-lo da maneira mais sábia possível, sem ficar olhando para trás. Deus me abençoe nisso. Porque a vida é feita de escolhas e assim é o mundo.

sábado, 16 de abril de 2011

Esqueletos no armário

Sabe, quando a gente tem muito tempo livre, durante um período considerável, é impossível não começar a procurar o que fazer. Para uma hiperativa como eu fica imperativo a busca pela ocupação. E eu resolvi me ocupar de revirar o closet da minha alma. Estranho, não?
Sou organizada por natureza. E olha, meus armários estavam uma verdadeira bagunça. Tanta coisa desnecessária guardada. Tantas peças que já não servem mais. Atenção, não engordei não... Mas não me cabem mais certas tristezas, rancores e teimosias.
Comecei revirando gavetas, jogando para fora tristes lembranças de uma vida que já não me pertence mais. Pessoas que um dia foram queridas, mas em meio às desavenças da vida deixaram de ser. Hoje nem sei por onde andam, perdidas mundo afora. Será que não posso guardar apenas como me fizeram feliz por um tempo? Joguei fora a mágoa, a dor e devolvi para esta gaveta apenas os bons momentos.
No cabideiro insistia em ficar pendurada a humilhação de uma vida que há tempos também já não é mais a minha. Coloquei numa sacola que vai direto para o lixo, porque tal situação não merece ser compartilhada com mais ninguém.
Em meio ao que me dá conforto para caminhar, insistia em permanecer a sede de vingança. Como prova de que eu poderia acordar um dia e sair calçada com ela rumo a um ato que não retrata em nada o que eu quero ser. Portanto, retirei das prateleiras este desejo, porque Deus diz que Dele é a vingança. Não cabe a mim retribuir o mal que um dia me fizeram.
Sabe por quê? Quero crer que na maioria das vezes o mal que me atingiu foi praticado de maneira involuntária. Muitas vezes por alguém tão falho quanto eu. Nesta ciranda da vida, eu posso estar também entre as lembranças triste de alguém e vou ansiar por perdão. Olhei de volta meu armário, depois de um bom tempo de reflexão, e vi que está um pouco mais arrumadinho. Vou ter de revisitá-lo ainda outras tantas vezes. Porque assim é o mundo!


quinta-feira, 14 de abril de 2011

Pretinho básico

Quem não tem um "pretinho básico"? Eu tenho vários. Amo vestido preto, roupa preta no geral. Gosto do ar de mistério, daquela coisa chique que só uma roupa preta traz em si e além de tudo ainda dizem que emagrece.
Chanel fez a primeira criação em preto para cobrir o corpo em período de luto, por conta do maior amor perdido num acidente de carro. Bem, na época era só o retrato da dor, mas ela institucionalizou a elegância a partir de um modelito simples e fez zilhões de seguidores mundo afora.
Teve uma época que eu olhava o guarda roupas e só tinha preto. Pensei comigo: "meus sais, vou ter de começar a dar nomes às peças para idenficá-las". Teria de começar por Hilda Furacão para aquele mini arrasa quarteirão. Com combinação de baton vermelho, a imagem no espelho era a própria encarnação do pecado.
Madre Tereza para o pretinho comportado que nem o mais safados dos pedreiros iria ousar assoviar ao meu caminhar. Nossa, a própria santa freira em dia de missa de carmelitas descalças no convento. Claro que eu uso pouco este modelo.
Para o par de calças pretas surradas vai um nome masculino, James Dean. Totalmente rock and roll. Amo o ar despojado acompanhado de camiseta branca e uma bota de salto confortável para um dia de show. Música bate cabelo para combinar com o modelito.
Quem sabe Joana D'Arc para aquela camiseta simples, mas cheia de significado. Ideal para o dia de fúria, quando dá vontade de apertar o foda-se. A gente sai de casa com sangue nos olhos. Com o desejo de não voltar antes de se arrepender.
Mas daí, de repente meu guarda roupas começou a ganhar cor. O mundo ficou mais comum e as roupas perderam seus nomes e significados. Talvez eu dê mais sentido ao pretinho básico mesmo. Enfim, é o mundo.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Se joga

Fome de vida é isso que eu tenho. Intensidade à flor da pele. Gosto da imagem do carro conversível, vento na cara, cabelos esvoaçantes, puro glamour. É assim que eu quero viver, braços abertos para experimentar.
Quando penso nos sabores que esta vida pode ter não consigo esquecer o porquê gosto de cozinhar. Tenho um prazer incrível por descobrir novos temperos, aromas, gostos. Amo a imagem da panela fumegante no fogão, receitas inventadas e amigos ao redor da mesa. O burburinho antes de servir o jantar, regado a vinho, cerveja, seja lá o que for para temperar o conversa.
E eu amo um papo furado. Sabe a conversa despretensiosa, sem discutir grandes teorias? Gosto mesmo do besteirol. Conversa séria tem hora e lugar. Na minha casa eu gosto é de bobagens ditas entre amigos. Risada solta. Costumo fazer piada das minhas histórias e olha que eu tenho munição para isso.
Porque eu amo conhecer gente. E acho que o melhor jeito para isso é dar oportunidade para as pessoas se abrirem. Cada um tem uma forma de encarar a vida, uns estão mais dispostos a serem conhecidos e outros não. É nas relações entre os queridos que temos a oportunidade de praticar a tolerância, a compreensão. Eu quero aprender a aceitar, entender, dividir e meus amigos têm sido a minha escola.
Afinal de contas, muitas vezes eu enfio os pés pelas mãos e na ânsia de acertar, erro feio. Talvez eu precise de paraquedas, para desacelerar um pouco o salto do penhasco. Porque é de cabeça que eu me jogo no vazio. Não sei entrar pela metade, com cautela nas relações. E esta atitude não é das mais sábias também.
Vou evoluir eu sei, mas eu preciso de treinamento. Portanto, ainda vou precisar de muita Super Bonder para colar os cacos das próximas vezes que eu me estatelar no chão. Mas eu ainda tenho gana de seguir em frente. Enfim, é o mundo!

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Presas afiadas

Olha, me disseram que se eu quisesse romance era para ler um livro. Eu segui o conselho e me apaixonei pelos vampiros, ou melhor, pelas estórias de vampiros. Já li tudo quanto é tipo de ficção sobre o assunto e amo dos clássicos aos mais pós-modernos.
E aí você se pergunta como pode ser apaixonada por estórias tão adolescentes e fora da realidade? Eu respondo, acho que é disso mesmo que eu gosto, da fantasia. Sinceramente não me importo com o título de literatura teen. Quer dizer que porque eu ultrapassei a barreira dos 30 tenho que ler só Freud? Tô fora, chega de tentar entender porque todos estamos tão fora dos trilhos.
Amigas, me escutem, vampiros são sempre fortes, incansáveis e sedentos de companhia, se é que me entendem. Não sei porque, mas eles têm predileção pelas meras mortais. Mulheres geralmente como nós, seres normais. Algumas até bem sem graça, como a tal Bella Swan, da série Crepúsculo.
Ah! São homens à moda antiga, viveram séculos passados. Portanto, não se importam em pagar a conta, puxar a cadeira para você sentar e ainda abrem a porta do carro. Maravilha! Quanta delicadeza para seres das trevas. Ui, me dá até um arrepio.
Mas se você tem medo das presas afiadas e de uma doação de sangue espontânea, nem por isso precisa deixar de apreciar estes livros. Isso porque na maioria das estórias de vampiros não podem faltar os lobisomens. E aí, minha amiga, prenda a respiração, porque estes seres podem ser ainda mais perturbadores. Socorro.
Sangue quente, virilidade à flor da pele e toda a disposição do mundo para brigar pela mesma eleita do vampiro. Este é o perfil da maioria dos lobisomens que conheço, ou melhor, que li a respeito. Quem não gosta de uma disputa básica entre dois machos pela conquista da fêmea. Hello, todas nós.
Quer uma sugestão, para começar a gostar deste tipo de leitura? Leia a série de Charlaine Harris, porque esta é adulta o suficiente para as amigas na minha faixa etária. Acreditem, esta dona de casa americana tem uma cabecinha fértil. E quem sabe algum dia a gente descubra que eles existem? Afinal de contas, quem sabe este seja o mundo?

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Um sonho possível

Já que eu comecei a falar das fábulas infantis, vou contar um sonho que tive. Me dei o direito de ser fada madrinha por um dia. Munida de pó de prilim-pim-pim e varinha de condão comecei a distribuir bondade. Primeiro me fiz cinco quilos mais magra, amigas, façam seus pedidos que hoje eu posso emagrecer todo mundo! Ah! Acrescento ao desejo a chance de comer todo o chocolate do planeta sem engordar um único grama... Oba, trufas de avelãs e cerejas para todas.
Hum, que tal uma carruagem para cada uma das minhas amigas. Podem escolher queridas, tem Ferrari, Porsche, sei lá, o que quiserem. Mas escolham possantes conversíveis. Assim ficamos igual Telma e Louise com cabelos ao vento nas nossas aventuras mundo afora.
Ai que delícia visitar Paris, Veneza, Londres, Nova York... Dançamos sobre um balcão em Vegas, assistimos a um show da Celine Dion por lá. Ah! Não me chamem de brega por isso, o sonho é meu e eu gosto dela e daí? Acho bom ficarem espertas porque a fada madrinha aqui sou eu e posso atender seus desejos.
Que tal uma passadinha nas principais grifes do mundo? Posso até comprar para você, querida, um casaco de pele da Prada. Claro que tem de ser de oncinha, minha marca registrada. Não dispenso também um par de botas laranja e uma bolsa tom pastel. Afinal de contas não sou tão escandalosa assim.
A gente completa a farra com um clube das mulheres. Escolham seus bombeiros e marinheiros prediletos, que tal Brad Pitt, Russel Crowe, Gerard Butler e Hugh Jackman. Ui, me abanem.
Por fim, acordo com o sorriso mais besta na cara. Caí da cama bem na hora do Hugh ia tirar a sunga. Putz, que sacanagem. Enfim, voltemos à realidade. Porque assim é o mundo.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

A mentira das fábulas

Por que será que encheram nossas cabeças com as baboseiras dos príncipes e princesas dos reinos distantes na infância? Tô pagando o preço destas histórias até hoje. Pode parecer besteira que as mulheres estejam presas a estereótipos de fábulas infantis, mas é a pura verdade.
Infelizmente a gente olha para um cara e imagina que ele possa ser o príncipe encantado, montado no cavalo branco, da história da Branca de Neve, que veio de uma terra distante. Ele está pronto para te salvar das garras da bruxa má e você vai ser feliz para sempre no castelo dele, cercada de criancinhas de bochecha rosada. Mas depois de alguns meses vai descobrir que ele monta um pangaré por medo de ir ao chão, depois de uma paixão. Cagão, este é o único adjetivo que você vai poder atribuir ao fulano, depois de descobrir que ele não tem coragem de assumir um relacionamento.
Tá, mas daí você segue em frente. Vai encontrar o príncipe da Bela Adormecida. Nossa, este é o cara que vai te despertar do período de marasmo e desilusão das relações anteriores. Sim, ele chegou também montado num cavalo branco. Mas gata, o cara é na verdade um boçal, que só sabe falar das incríveis conquistas dele pelo mundo afora. Acredite, você vai querer voltar ao sono profundo, ao lado deste poço de egoísmo.
Aí você pensa, putz, alguma das fábulas precisa se encaixar na minha vida. Tá, você se lembra da história da Pequena Sereia. O príncipe tira você do fundo do mar e lhe dá uma vida de rainha, cercada dos prazeres terrenos e da beleza de uma vida sem sua calda. Ok, por um tempo vai ser feliz no reino dele, isolada de sua família e amigos. Mas você vai sentir falta de sua liberdade, de nadar com sua calda pelo vasto oceano. E daí, vai saber que ser castrada não é a melhor visão de felizes para sempre.
A gente precisa aprender que somos princesas imperfeitas, cheias de dúvidas e questionamentos. Precisamos reduzir o nosso grau de expectativas. Devemos olhar com mais benevolência para os sapos. Eles são engraçados, despreocupados. Outra coisa, num mundo tão cheio de sapos e carente de príncipes, é mais fácil montar a prole de girinos. Conforme-se, porque assim é o mundo.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

O pavio curto e a herança genética

Ok, a paciência não faz parte das minhas virtudes. Acho que é bem por isso que estou fadada a ficar dois meses na cama. Deus quer que eu evolua. Afinal de contas, não há aprovação, sem provação. Mas vamos a uma tentativa de explicar o porquê da falta de longanimidade.
Sou filha de um espanhol com uma descendente de alemães, com italiano. Nitroglicerina pura baby. O meu sangue 25% italiano às vezes me domina. Aí, eu gesticulo, dou murro em mesa e não consigo falar ao telefone parada. Se o aparelho estiver conectado a um fio, pode esperar que vou levantar e fazer a cena, com fio e tudo.
Dias antes de sair em férias tive um acesso de fúria ao telefone com uma pessoa que ficou de me passar uma informação e em cima da hora ligou para dizer que não iria repassar porque acabara de receber o pedido, e eu havia mandado até um e-mail horas antes. A pessoa me disse uns desaforos e aí despertou a besta fera que mora dentro de mim.
Aviso queridos, a besta fera deve ficar adormecida, porque uma vez acordada, ela é descontrolada. Talvez seja a minha porção italiana em dia de briga de família sabe. Eu chamo este momento de 5 minutos. Pode durar mais, ou menos que isso, mas é garantia de estrago feito. Não penso. Falo.
E por mais que a gente se desculpe depois, porque eu sou de pedir desculpas, não há como engolir aquilo que já foi dito. Algumas vezes não me desculpo não, e aí é se revela a minha porção alemã. Os 25% deste sangue frio e rancoroso também corre em minhas veias. Acho que é a parte mais sombria, a que me assusta mais. Não sei bem como lidar com ela. Porque bate de frente com meu sangue quente, latino.
Juntem a parte italiana aos 50% de herança espanhola. E aí eu sou uma típica espanholinha, baixinha e cheia de si. Sou teimosa como uma porta. Posso até mudar de opinião, mas o argumento que vai ser usado precisa ter uma boa consistência.
Espero que a reflexão tenha ajudado a explicar um pouco deste meu comportamento. Eu sei que nem sempre isso justifica e muita gente já saiu chamuscada de algumas "conversas" comigo. Mas estou em constante evolução, um dia quem sabe eu possa dizer que tenho MUITA paciência? Enfim, me aceitem como sou. Porque assim é o mundo.

terça-feira, 5 de abril de 2011

O medo

Tem uma frase da Fernanda Young que é ótimo ponto de partida para esta reflexão, então vamos a ela: "só não tem medo quem é louco, ou está devidamente medicado". Não tomo remédio para as minhas crises de ansiedade porque tenho medo da dependência. Mas no fundo fico dependente do meu sangue frio para me acalmar em dias de muita dúvida. Muita gente me julga uma pessoa destemida, sinto muito decepcioná-los, sou uma medrosa de carteirinha.
Vamos seguir com os medos básicos. Odeio baratas, mosquito da dengue e animais peçonhentos. Há pouco tempo desenvolvi um novo medo, o de esportes radicais. Tudo por conta de uma perna quebrada depois de um rafting. Mas eu espero que depois da cura ele seja superado.
Como toda perfeccionista tenho medo do fracasso, de olhar aquilo que faço e achar um lixo. Tenho medo de descobrir daqui a poucos anos que não sei o que quero para minha vida. Confesso que a certeza das coisas e escolhas não tem sido minha companheira.
Tá aí, tenho medo do futuro. Daquilo que é incerto, desconhecido, intocado. Quem me conhece sabe que eu tenho mania de ler o horóscopo. Talvez na ânsia de encontrar ali alguma resposta para o que está por vir. E isso é ridículo, mas ainda assim não deixo de fazê-lo. Gostaria de ter uma bola de cristal para descobrir o que vai ser de mim daqui uns anos.
E aí vem mais um de meus medos, o de envelhecer. Fico pensando como será olhar no espelho e de repente não me reconhecer. Confesso que ultimamente tenho notado algumas diferenças desagradáveis. Mas enfim, a alternativa para não envelhecer é morrer, e tá aí mais um de meus medos.
Costumo dizer que todo mundo quer ir para o céu, mas ninguém quer morrer para isso. A morte é o fim daquilo que conhecemos, afinal de contas, ninguém voltou para dizer como é do outro lado. E a morte é a separação de quem amamos e queremos por perto. Mas vamos em frente, porque mesmo medrosa, não sou covarde e uma coisa em mim supera o medo e é a curiosidade. Quero ir até o final para ver no que isso aqui vai dar.
Socorro, Deus me proteja, porque assim é o mundo.

A dor de cotovelo

Tá aí um tema que eu gosto de falar: a dor de cotovelo. Talvez seja pelo excesso de vezes que passei por ela. Velha conhecida, ela me acompanha desde a adolescência. Mas fiquei PHD no assunto na vida adulta. E ela se mostra nas mais diferentes faces.
Tem a dor de cotovelo revoltada. Nesta, a gente termina o relacionamento possuída, com vontade de atravessar o cara com um jipe, ou coisa maior. Porque você julga que ele foi um tremendo cafajeste. Aí você xinga, faz a caveira do algoz, se faz de vítima. Mas no fundo tá puta da cara porque não conseguiu mudar o objeto do desejo e transformá-lo no príncipe, que você imaginou que ele era no começo. Get over, tente o sapo, geralmente é mais divertido.
Tem a dor de cotovelo melancólica. Nesta você chora semanas. Não sai da cama, não come, fica magra, e tá aí a única vantagem de tanta dor. Liga para a empresa e diz que está doente. E no fundo você está mesmo, com síndrome do amor não correspondido. Sinto muito colega, mesmo depois de muito lenço de papel o cara não vai mudar e te amar só porque você "acha" que é a mulher ideal para ele. E é você que vai ter de colar os cacos e tentar de novo.
Tem a dor de cotovelo suicida. Socorro, esta é uma das piores. Você acha que a culpa do insucesso do relacionamento é sua e que por isso merece a morte. Alô, depositar todas as fichas nas mãos de alguém para te fazer feliz é burrice. Lembre-se que o primeiro amor é o amor próprio, e ninguém pode ser amado se não tiver nenhum apreço por si mesmo.
Tem a dor de cotovelo atrasada. Esta vem depois da desforra. Você termina com o cara, pega geral e a arquibancada e descobre depois de uma lista de pequenos casos, que no fundo você sente falta daquele cara maldito, com quem você terminou há meses. Sai fora, desiste que não é porque o tempo passou que ele se transformou no homem ideal.
Estas são algumas das dores que eu me lembro, mas há outras inúmeras. Sinto é muita inveja de quem não tem dor de cotovelo. Que segue serena a vida, mesmo depois de uma desilusão. Queria mesmo ser capaz de não sentir nada, nem raiva, nem dor, nem decepção e muito menos autocomiseração. Mas enfim, dentro deste poço de emoções de um coração latino fica difícil.
Tenho mais é que aceitar esta minha condição humana. Afinal de contas, assim é o mundo.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

O que é o mundo

A expressão: "é o mundo", usada por mim exaustivamente, faz alusão a tudo aquilo que não tem explicação, ou melhor, até pode haver uma explicação, mas nem sempre uma razão justa, compreensível ou aceitável para acontecer....
O mundo é aquilo que é. Queira você ou não. Aceite ou não. Entenda ou não.
Por isso mesmo quero escrever sobre o que me deixa sem respostas, impotente diante do fato que eu não posso mudar. Quero falar da certeza da impotência diante da vida. Isso inclui todos os tipos de acontecimentos e afirmações do cotidiano.
Vocês vão ver que o mundo pode ser diferente para cada um de nós. Mudam os questionamentos, mas a essência é de que somos apenas um fator nesta equação maluca que é a existência.
Venha comigo nesta jornada pelo mundo....