quarta-feira, 20 de julho de 2011

Megafone com pilha duracel

Nunca gostei do silêncio. Tenho dificuldade em viver na quietude da alma. Costumava tirar sarro das pessoas e dizia como o tio Ali, em O Clone, "Jade você gosta da tempestade". E de algum tempo para cá tenho percebido que eu também gosto desta tal de tempestade. Não sei viver em águas calmas.
Sou filha do vento, que revira as folhas jogadas ao chão e revisita casas empoeiradas, abandonadas. Sou desassossego e ventania. Gosto de remexer histórias, xeretar passado. Muitas vezes dói viver assim, sem paz de espírito para parar e contemplar o silêncio.
Costumo dizer que o silêncio é ensurdecedor. Como que um convite a olhar para dentro. A certeza de que é na profundidade escura da alma que mora a solução daqueles problemas com os quais eu não quero ter de lidar. Falando de tudo e não parando nunca a sensação é de alívio, de não se preocupar.
Dizem que quem muito fala dá bom dia a cavalo. Tenho vivido a realidade diária desta máxima. Muitas vezes gostaria de NÃO ter dito algo, ou simplesmente de ter guardado para mim. Mas a língua é um instrumento ferino, espada de dois gumes, que no meu caso, definitivamente não cabe na boca.
É como se um gravador dentro em mim insistisse em não parar de transmitir. Vejo pessoas que não param de falar um só segundo e sinto agonia. Mas por que será que quando trata-se de mim não consigo ter a mesma percepção?
Sinto uma certa inveja daqueles que vivem no silêncio, escutando, observando ao seu redor. Imagino a figura do monge que fez o voto de silêncio e sinto orgulho dele. Mas em compensação uma vontade de dar um cutucão nele para ver se fala.... rs
Enfim, não adianta eu querer ser paz, se nasci confusão. Há também alguma beleza naqueles que espalham risos e conversas banais. Quem sabe o quietinho não olha para mim e pensa.... eu também queria gostar da tempestade. Porque insatisfação é o mal do ser humano. E assim é o mundo.

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